Publicado em: 30/07/2016

O Sistema APS havia alertado para a crise na suinocultura, que veio forte desta vez e instalou o caos nas granjas, com graves consequências ao produtor

A história se repete e o caos volta a se instalar nas granjas, com uma crise prevista pelo Sistema APS há tempos, inclusive com várias manifestações da entidade na imprensa. O pior acabou se confirmando e apesar de todo o empenho do sistema suinícola, desta vez a crise veio forte, obrigando muitos produtores até mesmo a abandonar a atividade.


Um dos setores mais atingido é o dos produtores independentes, que estão sempre à mercê das regras do mercado livre e sem a devida tutela estatal. O governo pecou mais uma vez por não ter uma política de abastecimento eficaz que evitasse favorecer às exportações de milho em razão do câmbio, em detrimento da produção de proteína animal. Ou seja, a conta sobrou para o produtor de aves e suínos, que convive com a alta do preço do milho e sua falta no mercado interno, juntamente com baixas constantes no preço do suíno vivo e das carcaças.


Parece que o mercado não tem misericórdia na relação com o produtor e no primeiro semestre de 2016, enquanto as exportações de milho batiam recordes, as perdas financeiras eram imensas nas granjas, com prejuízos em pelo menos quatro dos seis primeiros meses do ano.


Diante da crise, o Sistema APS não ficou de braços cruzados, à espera de um milagre, mesmo que neste momento seja exatamente isso o que o produtor está aguardando, enquanto lamenta suas perdas. Desde que a crise começou a mostrar sua cara, o sistema suinícola tentou de todas as formas amenizar os efeitos de um novo tempo de dificuldades para a suinocultura e, no Paraná e em Brasília, participou de todos os debates em torno de alternativas para debelar a crise. Isso se deu, por exemplo, na redução da alíquota do ICMS de 12% para 6% sobre a venda de suínos vivos para outros estados e na eliminação da cobrança do imposto na conta de luz, numa ação conjunta com o Sistema FAEP. Também, nas tentativas de liberação de crédito para retenção de matrizes, medida que não produziu os efeitos esperados, e na tentativa de subsídios do governo para custear o frete de milho da base às granjas, já que novamente os leilões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) deram em nada e a venda de milho balcão não atendeu as necessidades dos produtores.


Denunciar a falta de uma política eficaz de abastecimento por parte do governo federal também foi o discurso mais contumaz do sistema suinícola durante o primeiro semestre deste ano, quando a mídia abriu espaços para registrar este momento de crise no setor. Vários contatos também foram efetivados junto a parlamentares do Paraná com assentos na Assembleia Legislativa do Estado ou em Brasília, na Câmara e no Senado Federal.


Claro que todo o esforço feito pelo sistema suinícola e pelo próprio produtor, em pouco de concreto resultou, porque o Brasil foi mergulhando, mês a mês, num emaranhado de denúncias de corrupção na esfera federal, dentro da Operação Lava Jato, que acabaram resultando no afastamento da presidente Dilma Roussef e na interinidade do vice-presidente, Michael Temer, com tendências de terminar o atual mandato no comando da nação.


Enquanto um governo foi inoperante e privilegiou apenas grandes grupos, sem incentivar o pequeno produtor, o atual mandatário, em situação de governo temporário, ainda não se mostrou eficiente para auxiliar o produtor de aves e suínos.


Se isso não consegue traduzir todos os efeitos perversos da crise na suinocultura, pelo menos dá uma ideia do atual momento vivido pela atividade, onde o desespero parece tomar conta do produtor, que tenta arrancar forças da sua paixão pela suinocultura para se manter ativo no setor, mesmo que suas finanças estejam negativas e os prejuízos sejam certos.

E o caos se instalou nas granjas...